Principalmente mulheres.
Vida vivida, anos passados.
Ano a ano, mês a mês, semana a semana, hora a hora, minuto a minuto, segundo a segundo.
Vida contada, relatada, falada.
Contada ao pormenor de quem tem muito para contar.
Falar de experiências, de dores, de amores, de anos passados com dor de amor.
Falar, desabafar, contar.
Voltar a contar a um a outro.
Sempre… sempre…
Vida vivida, anos passados. Os filhos, os netos, os sobrinhos.
A família, o marido, a dor, o amor.
Os pais…!
O amor à família, a todos… vizinhos, amigos, colegas de trabalho…
Amizade, carinho, afeição, irritação.
Tudo se sente quando se vive.
Quando se vive muito, tanto, tanto que chega a cansar.
Cansada, exausta, moída, saturada, de tanta vida, cansada de tanta dor, de tanto sacrifício, de tanto amor.
Amor não compensado, falhado, não retribuído, não correspondido.
Dor. Dor de doença, dor pelos filhos, dor pelos irmãos.
Morte. Dor de morte, dor de solidão, dor de doença.
Vida vivida vida contada. Vida quase acabada.
Tanta vida, tanta dor, tanto amor.
Angustias, tristezas, meias alegrias, meias tristezas.
Deitada na cama, só, sem família, sem amigos, sem filhos.
Tanta solidão, de vida vivida, tanta alegria, tanta felicidade para recordar, tanta angustia, sem ter com quem falar.
Tanta, tanta coisa para o fim da vida.
Sem força, sem ânimo, sem carinho, sem saúde.
Quase sem vida, mas com vida.
Vida vivida, quase acabada, mas ainda não acabada.
Desejo de vida, de saúde, de juventude. Desejo de viver amor, de viver a vida.
Desejo de morte…!